Academia Campomaiorense de Ciências, Artes e Letras

Maria de Jesus Andrade Paz

Cadeira 30 - Acadêmico

Numa rasteira da vida se foi a minha mãe, deixando para trás o meu pai, dez filhos e duas estrelinhas no céu. Três anos apenas e uma cena gravada na memória com riqueza de detalhes.

Para substituí-la, se é que é possível, tia Chiquinha com uma bagagem que o 4° ano primário e vivência lhe conferiram, repleta de conhecimentos gerais, noções básicas de boas maneiras, educação, honestidade, caráter e uma disponibilidade imensa para imprimir em cada um o que fosse possível usando conselhos, estudos e orações.

Meu irmão mais velho, com apenas 19 anos, tomou para si a direção do barco, juntamente com meu pai.

Raimundinho Andrade, superou seus limites, trabalhando, lutando para que nada nos faltasse, tendo como prioridade a educação de todos.

Aos 7 anos me encontrava devidamente alfabetizada, lia, escrevia, contava, então me dispus a ajudar minha irmã na sua escolinha para meninos do bairro. Quem sabe foi aí que surgiu a minha tendência para o magistério.

Amava a leitura. Aos dez anos já tinha à minha disponibilidade todos os livros e revistas da Tipografia e papelaria do mano Antônio Wilson nos quais eu mergulhava.

Concluindo o ginásio, ingressei no Curso Técnico de Contabilidade.

Em seguida no Curso pedagógico na Escola Normal Santa Teresa de Je-sus. Vários cursos de reciclagem, aperfeiçoamento e atualização.

Só em 1973 prestei vestibular para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde fiz Licenciatura em Técnicas Comerciais, disciplina obrigatória na época, de acordo com a lei 5692.

Trinta anos de magistério.

Preparei várias turmas para Exame de Admissão ao Ginásio, tendo como material didático um volumoso livro, quadro de giz e garganta para explicar até a exaustão as disciplinas: Português, História, Geografia, Matemática, Ciências e Geometria. O índice de aprovação tinha que ser altíssimo, fator de avaliação de eficiência do professor.

Fui diretora algumas vezes, minha preferência era a sala de aula. Ensinei português, ensino fundamental, nas sétimas e oitavas séries.

Vinte anos dedicados à disciplina obrigatória Técnicas Comerciais nessas mesmas séries por onde passavam todos os alunos da rede pública e particular de ensino.

Ao longo do tempo, amante da poesia, acumulei várias na memória.

Obras de poetas famosos e minhas, estas, todas em um caderno esperando coragem e oportunidade para publicá-las.

Na área social, participei da fundação do Lions Club de Campo Maior como domadora do meu falecido esposo: José de Almeida Paz, reingressando como Companheira Leão. Participei também da fundação do Clube do Sol. Integrante do Conselho do Idoso, atualmente sou membro da ACALE - Academia Campomaiorense de Artes e Letras da minha cidade, ocupando a cadeira N° 30, tendo como patrono, o que muito me honra, o ilustre Bispo Dom Abel Alonso Nunes.

A Academia Campomaiorense foi fundada no dia 26 de novembro de 2003. Incialmente era composta apenas de Escritores, não demorou muito abriu-se espaço para os Artistas, e recentemente, agregou-se os Cientistas, formando assim a tríade do conhecimento humano.