Cadeira 1 - Patrono
Português, de família nobre da Vila Pouca de Aguiar. Filho de Antônio Silvestre de Aguiar, cidadão influente, tendo prestado relevantes serviços a Sua Majestade.
Espírito aventureiro e idealista, ainda jovem, juntou os cabedais que lhes cabiam, tomou os mares rumo ao Brasil, instalando-se na capital do Brasil, Bahia, onde contraiu matrimônio com Mariana da Silva e constituiu família. Pela vontade de conquistas que lhe incendiava, pouco se firmou. Deixando a esposa e um casal de filhos ainda pequenos, adentrou para os sertões do Vale de São Francisco. A partir de 1690, como militar, optou pelo desbravamento territorial da Colônia, sendo enviado em missão de combate aos índios rebeldes da nação Percatis, médio São Francisco (Capitania de Pernambuco). De volta à Bahia e após breve período, em 1691, foi designado para dirigir uma nova missão, desta feita como pacificador da nação Indígena Crateús (parte ocidental da Serra da Ibiapaba), cujos índios sentindo-se encurralados pelo branco usurpador, resistiram à invasão. Vitorioso na campanha, Bernardo de Carvalho e Aguiar, nos fins de 1692, tomou uma brusca e resoluta decisão, talvez por saudade de suas raízes, por fadiga ou, por alguns de seus contemporâneos terem tomado outros rumos, como a pecuária de gado, simplesmente deixou o fardão militar e todas as honrarias e penetrou pelos sertões rumo ao oeste, ultrapassando a Serra e instalando uma fazenda de gado na Capitania do Piauí no lugar de extensos e promissores brejos, região que hoje é São Miguel do Tapuio, conhecido na época como Cabeça do Tapuia. Em 1695, após uma curta temporada na Cabeça do Tapuia, passando essa feitoria ao administrador, Bernardo mais uma vez tomou a direção do poente vindo fincar a bandeira da conquista numa região que lhe encheu os olhos, propícia para a criação de gado; uma imensa e verde planície, cercada de carnaubais e rodeada de rios caudalosos, batizando-a de Bitorocara, hoje Campo Maior - Piauí. Pela breve, porém gloriosa história militar e pela necessidade de manter a fazenda, logo Bernardo de Carvalho e Aguiar foi designado pelo então Governador do Maranhão (na época o território do Piauí estava subordinado àquela Capitania) como Mestre-de-Campo das conquistas do Maranhão e Piauí (Pacificador), desbravando daí então todo o norte do Piauí, inclusive o Delta do Parnaíba. Bernardo, além de fazendeiro, cumpria com esmero e lealdade as obrigações militares, fazendo de Bitorocara também Arraial Militar, e ao seu redor, por motivo de apoio e principalmente, segurança, logo se instalaram dezenas de fazendas de gado.
Por questões de intrigas causadas pela nomeação de Mestre-de-Campo do Piauí e Maranhão, pelo Governador do Maranhão, Bernardo de Carvalho e Aguiar foi perseguido pelos poderosos da Casa da Torre. Decepcionado e sozinho, ladeado apenas pelos índios, após três décadas na região, deixou Bitorocara, então já Freguesia de Santo Antônio do Surubim, indo residir na Fazenda São Bernardo (hoje cidade de São Bernardo-MA) de sua propriedade, na Capitania do Maranhão, onde faleceu em 1730.
Padre Cláudio Melo, escritor e pesquisador campomaiorense, nas suas pesquisas no Brasil e em Portugal chegou, entre muitas outras, às seguintes conclusões sobre Bernardo de Carvalho e Aguiar:
Capitão-Mor, chegando ao posto de Coronel. Um dos maiores vultos da história colonial do território piauiense.
Em 1695 instalou a fazenda (primeiro curral) - Bitorocara na região norte da Capitania do Piauí, dando início a povoação de Santo Antônio do Surubim, atual Campo Maior, onde ali viveu a maior parte de sua existência, edificando a Igreja Matriz sob a invocação do Santo Português, Antônio de Pádua.
Desbravador, pacificador e fazendeiro do Norte da Capitania, considerado o fundador de Campo Maior, precursor de São Miguel do Tapuio-PI, São Bernardo - MA e o idealizador de Caxias - MA.
O homem que fixou os primeiros alicerces da unidade piauiense. Premiado pela mais alta patente militar da época: Mestre-de-Campo do Piauí e Maranhão, patente outorgada pelo Governo do Maranhão em 1712. Modelo de força e nobreza e militar sem igual. Amado pelos índios contra quem guerreou.
Cristão de muita fé e construtor de igrejas, todas às suas custas. Construiu e contribuiu com valiosa ajuda na edificação da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, em Oeiras - Pl.
Defensor e incentivador dos missionários (jesuítas) nas suas missões evangelizadoras.
Político forte, governou com autoridade e dignidade.
Cidadão impoluto, contra quem nenhum inimigo conseguiu apontar atos vergonhosos.
Teve como objetivo de vida, sempre servir ao próximo.
Pai do coronel Miguel de Carvalho e Aguiar que em 1714 veio juntar-se a Bernardo de Carvalho nas conquistas do território piauiense, sendo o comandante - imediato nas operações de pacificação, porém por motivos desconhecidos, desincompatibilizaram-se, indo Miguel de Carvalho e Aguiar morar numa região distante de Bitorocara, batizando-a de Conceição das Barras (Marathoan), que hoje compreende o município de Barras - Pl, sendo responsável pela instalação e fundação dessa povoação.
Homenagem - Século XVIII:
Pelos serviços prestados ao El - Rei de Portugal como Mestre de Campo do Piauí e do Maranhão, Bernardo de Carvalho e Aguiar foi condecorado pela Ordem Superior dos Jesuítas - São Luís - MA, com O Manto e a Cruz de Cavaleiro da Ordem de Cristo. (condecoração reservada a pouquíssimas personagens).
Homenagem - Século XXI:
Por Lei Municipal n° 07/2007, de 28 de junho de 2007, o prefeito Municipal de Campo Maior - PI, ao tempo que institui o Diploma do "Mérito Cultural Bitorocara", reconhece Bernardo de Carvalho e Aguiar como legítimo fundador de Campo Maior: (Artigo 3°: A denominação da homenagem pretende resgatar a importância histórica da fazenda Bitorocara, instalada no ano de 1695, como origem deste município, reconhecendo o mérito de Bernardo de Carvalho e Aguiar como fundador de Campo Maior).
Considerações:
Bernardo de Carvalho, na sua missão e espírito de conquista, pacificou várias comunidades indígenas. As disputas contra os índios nem sempre foram pacíficas, mesmo assim foi querido e amado pelos nativos. Preferia o aldeamento dos índios, pacificamente, do que o combate, que só acontecia quando esgotadas todas as formas de evitá-lo.
Padre Cláudio Melo, no seu Livro: "Bernardo de Carvalho", assim se expressa: "Apesar dos costumes da época e das críticas injustas que depois lhe fizeram, Bernardo de Carvalho e Aguiar não combatia os selvagens com vistas às presas de guerra, que poderiam ser escravizadas ou vendidas. Seu objetivo era tão somente afastar o gentio das proximidades dos currais. As presas de guerra ele as entregava ao Capitão-Mor, embora fizesse a guerra à sua custa"