Cadeira 26 - Patrono
Nasceu em 09 de janeiro de 1895 em Batalha-Pl; filho de Raimundo Francisco Alves e Raimunda de Menezes Alves. Até aos 16 anos de idade viveu em sua terra natal, e só em 1911 passou a residir em Campo Maior, onde fez fortuna a custo de muito trabalho e excepcional competência para administrar seus negócios. Comerciante precursor, líder na indústria extrativista de cera de carnaúba e no comércio de peles de animais, pecuarista nos estados do Piauí e Maranhão, fazendeiro de grande liderança na região e de muito prestígio no Estado e em várias outras regiões do País.
Era um homem de grande visão. Foi pioneiro ao trazer touros da raça “gir” e “nelore”, considerados "melhoradores" do rebanho bovino da região norte piauiense. Destacou-se, também, como criador de equídeos, responsável pela importação de um dos primeiros jumentos da raça andaluz, usado para a formação do afamado plantel de mulas e burros de trabalho, como também trouxe o primeiro cavalo árabe que contribuiu decididamente para a melhora genética da tropa de cavalos do Estado do Piauí.
Em 22 de julho de 1922, aos 27 anos de idade, casou-se com Alice Eulálio Alves, filha do Coronel Antônio Maria Eulálio Filho e, da união nasceram as filhas: Maria Alice, Isolete e Idalice.
Em 1930 teve início a revolução que culminou com o golpe de Estado, pondo fim à República Velha. Getúlio Vargas assume a chefia do "Governo Provisório" . As consequências chegaram também por essas paragens. Campo Maior deixou de ser administrada por Intendentes e o seu primeiro prefeito foi nomeado, assumindo a Prefeitura Francisco Alves Cavalcante no dia 05 de outubro de 1930 e governou até o dia 22 de março de 1936, tendo nesse interstício períodos alternados substituído por sua irmã, Vicência Alves de Menezes, Nilo de Santana Oliveira, Aldemar Mendes de Melo, Antônio da Costa Leite e José Martins Lustosa.
Os principais feitos do Prefeito Chico Alves no período de 1930 a 1936 foram: Decreto n° 01, de 05/10/1930, mudança do nome da Praça Marechal Pires Ferreira para Praça João Pessoa, atual Praça Bona Primo;
Decreto n° 02, de 05/10/1930, exoneração de todos os funcionários municipais e nomeação dos estritamente necessários para os serviços da prefeitura e no mesmo decreto dispensou multas e isentou cereais do imposto de consumo; Decreto n° 03, de 10/10/1930, revogou todas as leis e decretos dos extintos Conselhos Municipais e ex-intendentes e providenciou sobre anulações dos contratos, convênios e concessões que fossem contrários aos interesses do município; Decreto n° 05, 06/01/1931, deu outra denominação à antiga Rua 13 de Maio, que passou a chamar-se Avenida Vicente Pacheco; Decreto n° 06, de 31/08/1931, com o poder que lhe deu o Interventor Federal do Estado do Piau, Tenente Landri Sales, decretou a extinção do imposto do Lavrador; Decreto n° 07, de 02/09/1931, também com os mesmos poderes, organizou o Conselho Consultivo de Campo Maior e fez a nomeação de seus membros, que foram José Paulino de Miranda e Agenor Melo (como maiores contribuintes de impostos e taxas municipais), Antônio Andrade, Leopoldo Pacheco e Antônio Cícero Correia Lima; Decreto n° 10, de 20/01/1932, ordenou sobre o arrendamento de terras do patrimônio municipal, baseado no Decreto Estadual que dispõe sobre anulações dos contratos de aforamento de terras do município, viciados e irregularmente feitos, decretando nulos os contratos de aforamentos feitos pelos extintos Conselhos, Câmaras ou Intendências Municipais em que existissem vícios e/ ou falhas; Decreto n° 14, de 12/03/ 1932, mudou as denominações das Matias Olimpio e Dr. Antonino Freire para ruas 05 de Outubro e Coronel Lisandro Pereira, e uma nova Rua deu a designação de Rua Siqueira Campos; nos Decretos de n°s 16,17,18,19,20 e 21, de 09/06/1932, declarou nulos todos os contratos de aforamento de terras municipais celebradas com vícios ou falhas, respectivamente com Os senhores Major Luiz Rodrigues de Miranda (Major Lula), Desembargador Antônio José da Costa, Coronel Benício Ribeiro Sampaio, Antônio Bona Filho, Coronel Antônio Maria Eulálio Filho e Ovídio Bona; Decreto n° 23, de 26/07/1932, criou a Guarda Civil Municipal em substituição a Força do Batalhão do Estado que estava aquartelada em Campo Maior e deveria partir para incorporar às forças legais do Sul para manutenção da integridade do País e contra o levante militar ocorrido em São Paulo; Decreto n° 28, de 23/10/1932, criou a função médica da Saúde Municipal;
Decreto n° 32, de 07/05/1934, criou a função do Advogado do Município e dos Pobres, uma espécie de Defensoria Pública, com a denominação "Advogado da Prefeitura e dos Pobres". Determinou a construção da Praça Rui Barbosa (antes, Miguel Rosa), a construção do Grupo Escola Valdivino Tito, cuja inauguração aconteceu em 05/07/1934, à reforma e remodelação do Mercado Público Municipal, localizado na Praça Luís Miranda (atual prefeitura Municipal). Em 03/10/1932, inaugurou a Usina Elétrica 4 de Outubro, a primeira luz elétrica da cidade com a presença do Interventor Landri Sales, de outras autoridades do Estado e de Campo Maior.
Em 06/07/1934 foi agraciado com o título de Cidadão Campomaiorense, com projeto de autoria do Conselheiro José Paulino de Miranda. O mesmo título lhe foi concedido novamente em 10/09/1965.
Em 1934 foi eleito Deputado Estadual e para sua substituta indicou para tomar posse como Prefeita sua irmã, professora Vicência Alves de Menezes, que ficou no cargo até outubro de 1935, quando se demitiu, embora tenha sido considerada uma boa administradora. Em seu lugar, por indicação do Coronel Chico Alves, foi nomeado o caixeiro da Casa Alves, homem honesto e de poucas letras, José Martins Lustosa.
Ainda no governo do Coronel Francisco Alves Cavalcante foram adquiridos no Rio de Janeiro os instrumentos musicais da primeira Banda de Música Municipal; foi doado o terreno para a construção do prédio dos Correios e Telégrafos e foram construídos o Matadouro Municipal, o Açude Estrela, a antiga ponte de madeira sobre o surubim, ligando o Bairro Flores à cidade (hoje de concreto), perfurações de poços tubulares para o abastecimento de água e o início do calçamento poliédrico da cidade.
Entre os anos de 1933 e 1934, o prefeito Francisco Alves desapropriou os carnaubais do perímetro urbano de Campo Maior, compreendidos na eqüidistância a partir da Igreja Matriz de Santo Antônio, num raio de 06 (seis) quilômetros, para a formação do patrimônio municipal. Tal decisão ensejou diversas demandas judiciais, acirramento político e descontentamento dos conhecidos "coronéis" das carnaubeiras e propriedades de vastas extensões de terras, chegando até o conhecimento do Interventor Landri Sales que enviou comunicado, via telégrafo, ao Coronel Chico Alves nos seguintes termos: "Prefeito Municipal Francisco Alves Cavalcante - Campo Maior. Diário Oficial ontem publicou aforamento terras vg denegado provimento aludidos recursos e ressalvando direitos reclamantes, revisão e reajustamento enfiteuses forma legal termo Decreto Estadual n° 1304 pt Saudações Landri Sales - Interventor Federal". O Conselho Municipal expediu resposta, então, com seguinte teor: "Este Conselho congratula-se com o Exmo. Senhor Interventor Federal Landri Sales Conçalves pelo meritório despacho que Sua Excia. Houve por bem exarar no recurso interposto por pseudos proprietários de carnaubais do patrimônio no sentido de readquirirem a posse e a exploração dos mesmos carnaubais, que a Revolução, em um de seus mais belos feitos em Campo Maior, fez reverter ao seu legítimo proprietário, o município. A reivindicação dessa fortuna arrancada insidiosamente do Patrimônio foi sempre uma das maiores e das mais justas aspirações desta terra, hoje satisfeita pela equânime decisão da Interventoria. O ato de verdadeira justiça do Exmo. Senhor Interventor, torna-o mais uma vez credor de nossas gratidões e apreço, impondo-nos o dever de consignar nesta ata o relevante serviço que vem de prestar ao município". Esse documento histórico foi assinado pelo prefeito Francisco Alves Cavalcante e pelos Conselheiros Consultivos Antônio Cícero Correia Lima, Miguel Furtado da Silva, José Paulino de Miranda, Augusto Rodrigues Lima e Antônio Andrade.
Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu o Golpe de Estado e, em ato conseqüente proclamou o Estado Novo, instalando no País um regime ditatorial sob seu comando. O Governador do Estado do Piauí, Leônidas de Castro Melo foi investido na qualidade de Interventor Federal, por ato do Presidente da República e com esses poderes nomeou o Coronel Francisco Alves Cavalcante para governar o município de Campo Maior, tomando posse em 03/01/1938, ficando até 18/04/1942, com poderes ditatoriais.
Nesse segundo mandato criou a Biblioteca Pública Municipal (hoje Marion Saraiva); trocou o nome da Avenida 05 de Outubro para Avenida Getúlio Vargas; fez doação do terreno para a construção do prédio dos Correios e Telégrafos; criou o primeiro Posto de Higiene Municipal; Instituiu a Seção de Contabilidade e do Departamento Municipal de Geografia e Estatística; Nessa missão assumiram como seus substitutos eventuais, Luís Capucho do Vale, Nilo Santana Oliveira e Joaquim Antônio de Oliveira.
Outro fato histórico relevante desse grande empreendedor foi a doação, em 1942, de um avião (PIPER CUB J-3) ao Correio Aéreo Nacional. O batismo da aeronave, que recebeu o nome de "Rio Parnaíba", aconteceu com água do rio inspirador, que foi levada numa garrafa para a ocasião.
Foi, portanto, a água do Velho Monge que molhou sua estrutura metálica no batismo, para alegria nostálgica do seu doador. A aeronave existe no hangar do aeroclube de Itu - SP, instalado no Km 22,5 da Rodovia SP-75 (Rodovia do Açúcar) e ainda hoje é utilizado fazendo vôos promocionais e para treinos de aspirantes ao brevê. Viúvo, casou-se novamente com a mineira Iraci Ribeiro Cavalcante.
Não tiveram filhos. Esposa desprendida, que com o falecimento de Coronel Francisco Alves, abdicou de todos os bens a que teria direito, como viúva, a favor das filhas do marido.
Francisco Alves Cavalcante "foi inegavelmente um homem de valor, de lutas e portador de rara inteligência que suplantava suas poucas letras" (Heitor Castelo Branco Filho). Batalhador, muito combativo, dinâmico e humano, enfrentou na política profundas divergências de seus adversários. Teve muita coragem ao adotar medidas polêmicas e decisivas para a melhora do patrimônio de Campo Maior.
Francisco Alves Cavalcante, faleceu em Fortaleza - Ceará, em 21/01/1985. Tinha 90 anos de idade, vividos com dignidade.
Fontes: A Família; livro: "Geração Campo Maior - Anotações para uma Enciclopédia" - Reginaldo Lima; livro: "Paz e Guerra na Terra dos Carnaubais" - Heitor Castelo Branco Filho; folhadebatalha@hotmail.com; bitorocara news; Wikipédia.