Cadeira 29 - Patrono
Os campoimaiorenses de algumas gerações, da cidade e do campo, conhecem bem a Madre Juliana pelos relevantes serviços religiosos, sociais e culturais que prestou. Todavia é dever cívico manter sempre atualizada a biografia de seus benfeitores para a memória das presentes e futuras gerações.
Madre Juliana recebeu na pia batismal o nome de Maria Nilza Leite.
Nasceu no dia 09 de maio de 1925, na cidade de Farias Brito, na região cearense do Cariri. Filha de Benjamim José Leite e Juliana Leite da Silva. A vocação para o magistério e à vida religiosa lhe impregnara toda, ainda muito jovem. Dizia que “mesmo sem conhecer a vida religiosa, só apenas por ouvir falar, desejava uma vida de mais união com Deus, mesmo sem saber do que se tratava. Que não estudou quando criança, mas se possível traria toda criança do interior para estudar, cujo desejo vai lhe levar ao túmulo. Que gosta de trabalhar mais com jovens do que com crianças, apesar de mais complicado, mas é uma grande admiradora delas, porque sem elas o mundo não tinha sentido"
Ordenada freira, recebeu na ocasião o eclesiástico, significativo e forte nome de irmã e depois Madre Juliana, pelos quais seria chamada durante toda a sua longa vida religiosa. Juliana, em homenagem à sua mãe e ao Senhor Deus. Recorde-se que os termos Irmã e Madre têm o mesmo significado de cargo ou função administrativo-religiosa. De natural é a administradora de um e por se só que dizer superiora (LAROUSSE. Dicionário enciclopédico ilustrado veja. Vol. 14. p. 1613. Madre. 2. Mulher que pertence à congregação católica; freira, irmã. 3. Religiosa que dirige convento, superiora...).
Tempos depois, já como Madre, veio servir no Patronato Nossa Senhora de Lourdes. Lecionou nesta instituição e em vários outros colégios, em Campo Maior, inclusive, no Ginásio Santo Antônio.
Visando manter sempre viva a memória da longa permanência da Madre Juliana em Campo Maior, virou tradição, há mais de dez anos, em sua homenagem, o Torneio Anual Madre Juliana, com a finalidade de criar e manter sempre viva a troca de experiência, a socialização e confraternização entre elas e a comunidade em geral.
Como religiosa e educadora foi um exemplo inexcedível de virtudes, devoção e serviço à causa de Deus e dos homens, em Campo Maior e geral, no Piauí e Ceará. Só assim poderia conservar sempre viva, atuante e atual a obra religiosa e educacional, que abraçou com todas as suas forças. Madre Juliana não é um simples nome, mas uma legenda, uma bandeira que vem sendo conduzida e desfraldada ao longo de uma caminhada de sacrifícios e de triunfos.
Com um pouco mais de detalhe, a vida profissional de Madre Juliana, imortal da ACALE pode ser resumida assim: Iniciou o magistério no Colégio Santa Teresa de Jesus no Crato (CE), quando fazia a 2ª série ginasial. O Exame de Admissão cursou no Ginásio Santa Teresa de Jesus, também no Crato (CE). O curso ginasial no Ginásio Senhor do Bonfim, em Icó (CE). O curso pedagógico, no Colégio Normal Santa Teresa de Jesus, em Campo Maior (PI). Licenciou-se no curso superior de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí. Fez o curso de aperfeiçoamento de Diretores de Estabelecimento de Ensino do 1° e 2° Graus. Participou de vários cursos, treinamentos e encontros na área de educação. Foi professora de Inglês em Oeiras, professora de Matemática na Escola Normal Santa Luzia, na Paraíba. Exerceu os cargos e funções de diretora e Professora de Matemática e Inglês na Casa da Providência, em Ririutaba-Ce. Em meados de 1965 já se encontrava em Campo Maior-PI, onde foi diretora e professora de Matemática no Ginásio Santo Antônio, no Patronato Nossa Senhora de Lourdes e Escola Normal Santa Teresa de Jesus. Foi professora durante 38 anos e diretora por 29 anos do Patronato Nossa Senhora de Lourdes. Foi ainda presidente da APAE até o seu falecimento no dia 12/08/1997.
Como religiosa o que mais lhe marcou foi o Dia da Vestição, ou seja, o dia em que entrou no noviciado, bem como alguns retiros ou momentos de oração "que parece que a gente fica mais perto de Deus". Na vida profissional o que mais a fazia feliz era quando via alguém que passou por "suas simples orientações e subiram, mesmo que a gente fique sempre no nosso lugarzinho... Nunca passamos de uma simples professora. Todos os acontecimentos da vida a impressionaram bastante. Há alguns que a gente agradece pela vitória, outros se pede perdão pela fraqueza que muitas vezes foi causa de acontecimentos desagradáveis".
Em entrevista em 03/12/1996 declarou que o seu relacionamento com professores e alunos, por natureza é difícil, mas sente que há confiança entre ambos. Enfatizou ainda que na luta constante e difícil na administração do Patronato e do Colégio, são as irmãs que mesmo tendo pensamentos bem diferentes do seu, a entendem bem.
Por todos esses méritos, Madre Juliana foi indicada para ser uma das Patronesses - (cadeira 29) da Academia Campomaiorense de Artes e Letras - ACALE.
No Patronato Nossa Senhora de Lourdes, em Campo Maior, enfim, por onde passou, foi sempre exemplo vivo de luta e dedicação em prol da educação e da cultura. Por isso, e por todos os seus feitos e exemplos gloriosos que deixou, os campomaiorenses de todas as classes externam infindas gratidões por essa imortal e sócia da ACALE, a qual nos deixou desde o dia 12 de agosto de 1997.
Daí porque constitui honra imorredoura para mim, ocupar a Cadeira n° 29, da ACALE.